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Vocação Matrimonial

Vocação Matrimonial

 

Sendo a Vocação, o chamamento de Deus à vida, ao amor, à Santidade, à felicidade, que é a vocação universal de todos os batizados, no caso da vocação Matrimonial este chamamento consiste, no convite que Deus faz a um homem e uma mulher para se unirem num relacionamento de profundo amor e santidade. Unidos pelo Sacramento do Matrimónio, são chamados a viver já na realidade humana em que se encontram, a essência do próprio Deus, que é Amor trinitário, decorrente da relação perfeita, incondicional e plena de Amor entre Pai, Filho e Espírito Santo. São chamados a viver não um amor qualquer, um amor mundano, mas sim a amar como Cristo nos amou na cruz, um amor de doação e entrega, fecundo e salvífico, que não tem o “eu” como destino, mas o outro.

No número 1604 do catecismo da Igreja católica está escrito: “Deus, que criou o homem por Amor, também o chamou ao amor, vocação fundamental e inata de todo o ser humano. Porque o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, que é Amor, tendo-os Deus criado Homem e Mulher, o amor mútuo dos dois, torna-se imagem do amor absoluto e indefetível com que Deus amou o Homem”.

Segundo o mesmo catecismo, no número 372: “O homem e a mulher são feitos “Um para o outro”: não é que Deus os tenha feito “a meias” e “incompletos”; criou-os para uma comunhão de pessoas, em que cada um pode ser “ajuda” para o outro, uma vez que são ao mesmo tempo, iguais enquanto pessoas (osso dos meus ossos) e complementares enquanto masculino e feminino. No Matrimónio, Deus une-os de modo que, formando “uma só carne”, (Gn 2,24), possam transmitir a vida humana: “crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra”. (Gn 1,28). Transmitindo aos seus descendentes a vida humana, o homem e a mulher, como esposos e pais, cooperam de modo único na obra do Criador. “

A vocação Matrimonial e familiar sendo uma proposta de caminho de felicidade é também caminho exigente e de compromisso, pelo que, o número de divórcios e de Jovens desacreditados desta proposta devem interpelar-nos e fazer-nos refletir nos desafios colocados pelas novas realidades:

– O individual sobrepõe-se ao social

– A liberdade é entendida como rejeição dos vínculos

– Deus e a religião são vistos como coisa do passado

– A vida é propriedade pessoal

– A permanência dá lugar à precariedade

– A família já não é o núcleo da sociedade, mas apenas um dos seus constituintes

– Casamento entendido já não como uma união, mas como um contrato que cada um pode denunciar

– Diversidade de modelos: união de facto, monoparental, …

– Menor número de filhos, relação pais-filhos mais possessiva

– Enfatização do sucesso individual (social, profissional, …)

– Valorização do imediato, do fácil

Mesmo assim, é imperioso, continuamos a acreditar no Matrimónio e no caminho de santidade que Deus nos chama a percorrer em casal. Não estamos sós a percorrer este caminho, Jesus caminha sempre connosco e temos a Sagrada Família como modelo e guia para a nossa missão. É fundamental também que esta missão não seja vivida de forma isolada, ou seja, é na Igreja e em comunidade que encontramos o apoio. Todo o envolvimento pastoral é bom, na ajuda da vivência plena do Matrimónio, em especial o envolvimento em movimentos de Espiritualidade Conjugal, como por exemplo as Equipas de Nossa Senhora. É também muito importante procurarmos formação, catequética, doutrinal, bíblica e até mesmo pedagógica.

Vocação também é testemunho e por isso não podemos esquecer a nossa responsabilidade na transmissão da alegria de ser casal cristão, de ser igreja doméstica. E podemos fazê-lo de muitos modos: no dia a dia, com os nossos filhos, com a família, com os amigos, colegas de trabalho e com todos que se cruzam connosco. Mas também colaborando na pastoral familiar, como por exemplo no CPM.

A Vocação Matrimonial que é Graça Divina, é permanente, assenta na doação mútua, é fecunda, concretiza-se na Vocação familiar. (Sem reduzirmos fecundidade aos filhos, eles são sem dúvida a expressão suprema do amor que une os esposos).

Os filhos são um dom recebido, não são nossos, são-nos confiados para cuidar: “Educar é o processo permanente de levar o filho até ao Pai”. Assim, os pais são chamados a:

– Ser pais por vocação

– Ser pais educadores

– Educar para a liberdade: com valores, com coerência, com responsabilidade, com verdade

– Educar para a fé e para a pertença à Igreja (vida em comunidade, serviço na comunidade)

– Educar para o acolhimento da vocação: dar espaço á oração, viver os sacramentos, fomentar o espírito de partilha, de solidariedade, de caridade, de hospitalidade, de serviço, …

– Valorizar todos os chamamentos e vocações: abertura, partilha, respeito, acompanhamento,

– Deixar os filhos voar

A vocação matrimonial e familiar fica enriquecida, quando os filhos encontram e assumem a sua própria vocação: “Aqui tens Senhor, o que me confiaste…”

 

Rosário e Diamantino, Casados

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